segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão, sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão


Aos 15 anos entendi que não poderia mais exigir nada do meu pai e da minha mãe que trabalhavam para sustentar a família. Fui de escritório em escritório aqui na terrinha oferecer meus serviços inqualificáveis. De tanto insistir consegui um emprego de secretária em um escritório de advocacia. A D.ª Fulana era uma mala, eu era secretária, faxineira, garçonete, boy e leão de chácara (sempre tinha algum cliente insatisfeito querendo quebrar a cara dela e eu aguentava as pontas). Fiquei um ano nesse trabalho pq a máquina de escrever que pesava quase uma tonelada caiu em meu dedão e me impossibilitou de voltar a trabalhar no dia seguinte, ai quando voltei uns quatro dias depois já tinha outra em meu "maravilhoso" cargo.
Bem, como o que não me mata fortalece sai em campo e arrumei um emprego em uma laja de móveis em Nova Iguaçu mesmo, estava eu com 16 anos, esse sim era um bom emprego... Eu era vendedora, faxineira, boy, montadora e GERENTE, em fim, eu trabalhava sozinha na loja, lá não tinha geladeira, então não tinha como levar a famosa marmita. Minha sorte é que eu tinha um namorado que ficava com pena de mim e levava quentinha, hehehe. Neste novo trabalho fiquei mais um ano, o patrão descobriu que eu vendia o frete e não lhe dava nada (veja bem, a loja não entregava a mercadoria, ai pertinho da loja tinha um cara com uma Kombi, eu ofereci a ele entregar as mercadorias e me da uma grana por cada entrega). Fui demitida... Aos 17 anos estava eu raspando o cú com a unha e meu namorado pediu ao pai dele para me arrumar um emprego e lá fui eu trabalhar de recepcionista e caixa de uma loja de móveis, fiquei lá até os 19 anos quando engravidei do filho do dono da loja e ai o meu novo emprego foi ser mãe e esposa (diga se de passagem que foi um dos que eu mais gostei heheheh). Quando meu filho já estava com uns dois anos voltei para a loja mas em uma situação diferente, agora eu era a "nora do patrão" Fiquei neste trabalho até os 35 anos quando levei um lindo pé na bunda do meu ex. marido. Aí olhando pro meu currículo vi que não tinha especialização alguma, comecei do 0 de novo... Fui trabalhar em um espetáculo teatral, uma peça que não chegou a acontecer pq o empresário sumiu com toda a grana do patrocínio, neste trabalho eu era secretária, motorista, baba de estrela e até coreógrafa... Mas durou pouco, fiquei seis meses e vi que a grana não ia sair nunca, pulei fora. Minha sorte é que a agência de publicidade tinha visto meu empenho e me contratou para ser secretária da diretoria, eu administrava a vida de três executivos da agência (com a cara e com a coragem, pois conhecimento não tinha nenhum...), foi um dos meus melhores empregos, lógico que tinha muito estresse. O diretor comercial era um lunático de guerra, ele tinha uma amante que só gostava de tulipas roxas, pqp, e para achar as bostas das tulipas? Ele tinha toque, quando entrava no banheiro o papel tinha que estar na posição correta milimetricamente posicionado. Ele tinha mania de falar quase tudo
em inglês e o meu inglês se resumia a love. Eu ficava louca na calcinha quando o traste gritava (ele se recusava a usar a porra do interfone) alguma coisa em inglês, eu corria na criação e catava um estagiário para ele traduzir o pedido para mim. Ufa era foda, mas muito animado. O diretor de criação era um lindo super gente boa e o diretor financeiro era do tipo paizão. A agencia faliu pq os sócios estavam passando a perna um nos outros, em fim, fiquei na pista de novo. Não tardou muito fui trabalhar em uma empresa de decoração, lá sim aprendi tudo que sou hoje, foi fantástico, entrei como assistente de departamento pessoal (sem saber lufas) e sai de lá como gerente de um lindo espaço em Ipanema. A patroa era um caso a parte. Nunca vi mulher mais inteligente e guerreira que ela. Aprendi muito como me posicionar na vida com ela, para essa empresa todo o meu amor e carinho. Mas esse trabalho era muito distante de minha casa, ai optei em buscar algo mais perto, já cheguei em uma idade que não tenho mais a pretensão de ficar rica, só quero qualidade de vida, quero mais tempo com minha família. Hoje trabalho em um hospital pertinho de minha casa, tá legal, tá bacana, mas não se aprende muita coisa de novo, sem contar que não tem agitação, o povo é calmo, ninguém grita, ninguém xinga, não tem pressão pra entregar uma obra no prazo, não tem fornecedor pra eu brigar e nem tem arquitetos estrelas para acalmar. Mas não posso reclamar, tá dando pra viver e pagar as contas. Estou até pensando em voltar pra faculdade e terminar minha psicologia...

“Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão, sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão". Vinícius de Moraes.

Bjs da Fullana

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